sexta-feira, 30 de julho de 2010

Povo Frio?!?!?!?



Acompanho um twitter de um curitibano super engraçado e esta semana ele escreveu assim. Como vocês querem que sejamos calorosos. Aqui faz frio e as pessoas se fecham. Não é igual a Bahia que uma regata resolve o problema.
Fiquei pensando sobre isso e resolvi escrever. Nunca imaginei ir para um lugar onde as pessoas são tão fechadas. Ninguém te dá um bom dia, ninguém sorri do nada, ninguém te ajuda caso você se perca na rua. Realmente é um grande desafio manter um relacionamento aqui. E olha que nunca tive problemas em fazer amizades, mas aqui...

Curitiba tem um povo individualista e solitário! Sem generalizar é claro. Sempre encontramos pessoas que se diferem da maioria, mas é raro.

Até no salão onde faço a minha unha sinto isso. Faço a unha sempre com a mesma manicure, mas ela nunca me contou algo da vida dela. Confesso que é estranho, visto que no salão todo mundo sabe da vida de todo mundo. Kkk....

Tento entender e buscar o porquê das pessoas serem assim. Alguns dizem que é por causa do frio, outros que é por causa da descendência européia. Mas sei lá.

Sei que sinto falta do calor humano do baiano, da alegria do nordestino, do companheirismo do mineiro, do jeito malandro do carioca.

O bom que é apenas uma obra e daqui a pouco estarei em outro lugar. Confesso que adoro a cidade, mas as pessoas e o frio me desanima. Bem que a próxima obra poderia ser um lugar bem quente, de preferência em uma cidade de praia?!?!?!? Será que estou querendo demais?

terça-feira, 27 de julho de 2010

Quando você acha que já viu de tudo...

Quando você decide ir trabalhar em um dos países mais pobre do mundo, você acredita que viu de tudo. Mas não é bem por aí.

Estou trabalhando em uma obra com quase 3500 integrantes. É a primeira obra de grande porte que estou atuando. Orgulho né! Às vezes fico pensando como sou privilegiada de ter esta oportunidade. Aqui tudo é mega, gigante. Mas aí que mora o perigo. Quando o negócio é grande, os problemas também são.

Os problemas que via em Angola eram ingênuos - gente passando fome, de pessoas que não tomavam banho todos os dias por falta de água, essas coisas.

Aqui os problemas são diferentes. Vou explicar. Estou eu quietinha no meu canto quando escuto um ser dizendo o seguinte – Mataram um funcionário nosso... Já me deu um frio básico na barriga. Olhei pro lado e vi a assistente social pegar no telefone. Levantei e percebi pelo olhar das pessoas que o negócio era sério.

Era verdade. Um dos funcionários tinha sido morto a facadas por outro funcionário. Tudo bem que foi fora da obra e longe dos alojamentos, mas mesmo assim. Começou o caos.

Como ligar para a mãe do rapaz de 24 anos e dizer que ele estava morto? Como agir? Fiquei na porta da sala do serviço social quietinha esperando sem saber bem o que fazer. A assistente social daqui é “trecheira nata”. Pegou no telefone e ligou pra casa do rapaz, lá no interior da Bahia. A mãe estava sozinha e tem problema de coração. Não podíamos contar assim. Chegamos a uma irmã que mora em São Paulo. Ela teria que vir para Curitiba para reconhecer o corpo e tirar do IML. Não foi falado a ela que ele havia falecido no primeiro telefonema. Seu irmão entrou em uma briga e está em estado grave. É bem grave. Disse a assistente social. Pedimos que ela acalmasse a mãe e partisse para Curitiba no primeiro vôo.

Isso era umas 15h00. Hora de ligar para o seguro, acionar auxilio funerário (isso merece outro post), arranjar um vôo para levar o corpo e esperar a irmã chegar.

21h00 estávamos no aeroporto com uma plaquinha esperando pela pessoa. Ela abatida já sabia que o irmão havia falecido. Fomos direto para o IML. Burocracia e frieza são características básicas do local. Nada de ver o corpo. Primeiro mil papéis para assinar. Tínhamos que providenciar a certidão de óbito antes de qualquer coisa.

23h30 a irmã entra para reconhecer o corpo. Ninguém pode acompanhar, mas conseguimos burlar esta regra. Momento de tensão. Ela volta revoltada, chorando muito. Ninguém acredita até ver que realmente a pessoa está morta.

24h00 chegamos à delegacia. O frio era de matar. Os termômetros estavam marcando 2 abaixo de zero. Precisávamos pegar a declaração de liberação do corpo para que ele pudesse viajar. 2h00 estávamos no cartório. Ninguém queria nos atender. Sem a autenticação do cartório todo o trabalho seria em vão. 4h00 estávamos de volta ao aeroporto. Como carga, o corpo embarcou. Saímos de lá quase 5h30. Foi o tempo de ir em casa, tomar banho e voltar ao trabalho.

O corpo chegou em Vitória 11h00. A irmã ligou aqui querendo matar um. Disse que o caixão não era o que ela escolheu. Estávamos tão cansadas que nem discutimos. Hora de trocar a urna e seguir viajem. 19h00 o corpo chegou a seu destino. Ufa... missão cumprida. Podíamos ir para casa dormir.

Ai vem a frase – quando você acha que já viu de tudo, espere! Algo vai te surpreender!

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Curitiba abaixo de zero!!

Nunca imaginei passar tanto frio. Estou falando sério. Aqui o frio é de doer. Estava até comentando com uma amiga. Como uma cidade fria como essa não se prepara para os invernos? E olha que tem horas que acho que nem estou no Brasil, de tanto que a cidade é bem estruturada.

Pensem comigo. Todo mundo que vai a Londres e passa por aqui diz a mesma coisa. Londres é frio, mas aqui supera. Em Londres todos os lugares estão preparados para o frio. Os carros tem aquecimento até nos bancos e aqui? Aqui não... Todos os lugares são gelados. Fora a chuva que é entediante.

Ahh... o Curitibano está tão acostumado com este tempo maldito que não deixa de fazer nada. Academia, balada,shopping. Fiquei prestando atenção esta semana nisso. A chuva não segura ninguém em casa. Enquanto eles saem, eu não tenho ânimo nenhum pra sair de casa. É de casa pro trabalho, do trabalho pra casa. Nem cogito a opção – SAIR.

Fora a fome sem noção que tenho. Se eu não me controlo como o dia todo. O frio me dá uma fome animal.

Esta semana comprei uma ciroula. Sabem o que é isso? Aquelas calças de lã, mega broxantes, que se coloca por baixo da calça jeans? Então meus caros leitores. Imaginem o drama. Todos os dias acordo, tomo banho (martírio), coloco duas calças (ciroula e jeans), quatro blusas, luva, cachecol, gorro e vou para o trabalho. Confesso que ando até desanimada com a minha aparência. Impossível ficar bonita com este tanto de roupa.

Ahhh... esqueci de dizer que comprei uma bota (nada bonita) forrada com lã de carneiro. Para completar o visual uso duas meias e a bota... kkkkk.... Tenho certeza que estão imaginando como fico né... Confesso que não é fácil e para não me irritar nem ando me olhando no espelho. Melhor assim.

Cansei de ter dor de garganta e decidi que é melhor ficar feia mas com saúde, do que bonita doente. Concordam?

terça-feira, 20 de julho de 2010

Andar de ônibus em Curitiba é legal!


Onde no Brasil pegar ônibus é algo agradável e faz parte de passeio turístico? Em Curitiba isso acontece. Na verdade Curitiba é uma das capitais mais agradáveis de viver. Estou me referindo a estrutura de cidade e não as pessoas. É uma capital com cara de interior.
Com características inovadoras, a famosa rede integrada de transporte conta com 28 empresas privadas trabalhando e 465 linhas urbanas e metropolitanas.

O tal do Tronco Alimentador, que aqui chamamos de tubo, liga a cidade toda e se o ônibus que você pegou não te leva ao destino final, você pode pegar outro sem gasto nenhum.

Ahh.... e nada de ônibus no meio dos carros. O ônibus tem uma via expressa só para ele. Isso é ótimo porque quem anda de ônibus não pega congestionamento. Ninguém precisa sair de casa meia hora antes com medo de atrasos.

Outra coisa legal - os ônibus são biarticulados e cabem 180 passageiros. Quase não vejo pessoas em pé no busão. Claro que em horário de pico os ônibus lotam, mas nada exagerado.

Fiquei sabendo que este sistema de transporte foi copiado em vários países como Colômbia, Chile, EUA. Viu como somos chiques e inteligentes!

Caso você venha a Curitiba e não tenha carro, fique tranqüilo. Ônibus é a melhor opção. No site da URBS tem todos os horários e onde ele passa. http://www.urbs.curitiba.pr.gov.br.

Para meus leitores assíduos estou de volta!!!! Pelo menos uma vez por semana vou contando como é a vida em Curitiba!!! Ahh... e se vierem passear por aqui me avisem. Não esqueçam de trazer mil blusas. Aqui é muitooooooooooo frio.